Resumo
Este trabalho propõe uma reflexão sobre as práticas de musealização do patrimônio indígena existente no Museu Julio de Castilhos (MJC), no intuito de identificar as narrativas evocadas a partir dos acervos salvaguardados pelo Museu. O estudo justifica-se por ser uma oportunidade de atentar sobre o papel e o lugar social do Museu Julio de Castilhos frente aos desafios da contemporaneidade. A pesquisa teve como ponto de partida a doação de um petyngua por um membro da etnia Mbyá Guarani e investiga quais representações indígenas são evocadas por esse gesto, levando em conta a forma como o patrimônio indígena tem sido tratado diante do contexto pós-colonial e a colonialidade. A análise foi realizada em fontes documentais institucionais e bibliográficas, perante uma abordagem qualitativa. A investigação aponta a urgência da instituição incorporar novas proposições sobre os patrimônios dos povos originários, de longo prazo, que estimulem o protagonismo indígena frente às narrativas evocadas a partir de objetos referentes à sua história e suas memórias, assumindo uma postura que corrobore com a descolonização do pensamento museológico.